Neste processo alguns pontos vão se evidenciando.
A meu ver, neste momento um dos mais importantes, é a distração da nossa comunidade cultural e acadêmica para lidar com uma questão que envolve diretamente o papel e o lugar da pavimentação de pedras no contexto histórico e patrimonial de Pelotas.
Isto parece estar evidenciado pelo avanço que o asfalto na zona central foi tendo por meio de um trecho aqui, um outro ali, sobre a maior parte da zona adjacente à praça , tida como o núcleo com os casarões, o Teatro 7 de abril, Teatro Guarany, Grande Hotel, Prefeitura, Biblioteca, Mercado Público, antigo Banco do Brasil ou seja, basicamente o entorno da praça Pedro Osório.
Isto porque mal nos afastamos um pouco e basta ser alguns poucos passos , o asfaltamento é predominante mesmo em pequeninos trechos nos quais o tráfego de veículos é pequeno e, portanto, não se poderia invocar nem mesmo o argumento da imperiosidade de escoamento do trânsito
Os casos do asfaltamento dos trechos na rua Anchieta entre o Grande Hotel e a rua Tiradentes e, igualmente, entre a Avenida Bento Gonçalves a Catedral apresentam-se como de muito difícil justificativa.
Enquanto isto, ao mesmo tempo, começa a ser também muito evidente o fato de que a pavimentação de pedras não parece estar resguardada por uma legislação como ocorre, por exemplo, com as casas inventariadas por mais simples que sejam , nem mesmo quando esta pavimentação devesse ser considerada como integrante e até parte também essencial do ambiente em que as casas se encontram o que, aliás, é a tese que levantamos com relação ao ENTORNO DO CAFÉ LAMEGO no qual se encontram nove(09) casas inventariadas..
O que está muito claro é que já não é mais quase possível na cidade distinguir trechos em que a pavimentação de pedras tenha destaque para compor um ambiente de preservação que tanto se procura destacar.
Recentemente o asfaltamento, como já se destacou em outra oportunidade, já chegou às portas do Grande Hotel num avanço que começa, muitos anos antes, com o asfaltamento do entorno da praça em frente ao Teatro 7 de Abril. Aliás, este caso, como também na mesma rua Anchieta o do asfaltamento entre a Avenida Bento Gonçalves e a Catedral apresentam-se como de muito difícil justificativa e , a ser dada por alguém, ajudaria em muito o entendimento da questão que se está analisando.
Entendemos assim que o movimento ENTORNO DO CAFÉ LAMEGO surge se propondo a ser um alerta para a necessidade de que se defina qual o papel da pavimentação de pedra na composição de um ambiente preservado de forma integral histórica e patrimonialmente, e aponta para que se caminhe para se ter respostas neste sentido
O que se constata através do diagrama bem simples que apresentamos acima dá bem uma ideia do quadro que se tem. A pavimentação remanescente com paralelepípedos na zona central ( em azul) se mostra já bem pequena em relação à pavimentação asfáltica ( em preto) e se mostra recortada, secundária, dando a exata ideia de que ficou à margem sem pouca ou nenhum relação ou interação com o entorno do qual parece não fazer parte mesmo quando constituído por prédios inventariados ou até tombados .
Como consequência a cidade se vê desfigurada cada vez mais impossibilitada de explorar características tão especiais para aprofundar o conhecimento que tem de si própria e aproveitar este conhecimento não só pela riqueza cultural e intelectual que possa proporcionar mas, também , fato que entendemos de relevante importância, igualmente pelo recurso que oferece para sua exploração turística e econômica.
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